Carta a cara e a voz da Amazônia, unidos pela vida de nossos
povos e do planeta terra
Aos lideres
Religiosos e chefes de estados
Senhoras e Senhores autoridades destes países,
escrevemos esta carta para pedir vossos apoios e compreensão pelos fatos reais que estão ocorrendo em nosso pais, mas
antes de qualquer interpretação queremos que nos olhem como seres humanos
filhos de Deus e da nossa mãe terra por isso somos religiosos, também porem
nossas religiões não são escritas em papeis e sim na floresta, terra, vento,
sol, lua, estrelas, rios e mares, elementos que representam a força e o poder
de Deus o criador que é interpretado por vários nomes conforme cada idioma.
Nosso Governo
é formado pela natureza e regido pela força das estações dos ciclos astrais,
respeitamos todos os governos da terra na sua forma de atuação com suas nações,
como também respeitamos todas as culturas e religiões, e por este motivo
gostaríamos também que respeitassem nossa forma de vida. A floresta amazônica
em si é auto-suficiente, com a maior
potencia de sustentabilidade do planeta, aqui as sementes nascem e crescem em
liberdade se tornando lares e alimentos para nos e os animais que aqui vivem.
Queremos,
portanto, lembrar os anos de 1500 quando os primeiros colonizadores portugueses
chegaram ao Brasil e os europeus vieram para a America do sul e America latina e
nos encontraram já vivendo a milhares de anos nestes territórios, na Amazônia,
e em outros biomas.
Sabemos as
responsabilidades da coroa imperial espanhola e portuguesa que criaram uma lei
especifica para dar o direito de nos destruir e essa ação também teve a aprovação
da igreja católica. Naquela época, da colonização, era para falar do nome de
cristo e de Deus. Naquele século morreu muita gente, o que é até perdoável,
pois não compreendíamos a língua de vocês, não falávamos espanhol e nem tão
pouco o português, mas hoje não perdoaremos mais a repetição desses atos
atrozes e violentos que dizimam nosso povo. Queremos saber por que isso ainda
está acontecendo e qual é a explicação que vocês tem a nos dar...
Portanto
pedimos a todos os lideres mundiais e governantes, ao Papa Francisco, líder da
igreja católica que nos ajudem a resolver este problema, que esta acontecendo
no Brasil. Sofremos maltratos. O governo brasileiro ignora a nossa presença e os
direitos constituídos dos povos indígenas. Fazem de conta que não existimos. Somos
lembrados apenas no dia 19 de abril, data em que eles comemoram talvez a
destruição de nossas vidas. Somos lembrados também, quando querem promover seus
interesses particulares, nos pedindo para dançar nos eventos festivos. Depois disso
somos esquecidos, e o governo passa a nos tratar como um problema, como dados
estatísticos, obstáculos para o chamado desenvolvimento socioeconômico.
De acordo com o relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) sobre a violência que atinge os povos indígenas, somente entre 2003 e 2011 foram assassinados 503 índios, dos quais 273 são do povo Guarani Kaiowá.
E no dia 30/05/2013, um parente Oziel Terena, morreu devido a disputa e defesa das terras em Mato Grosso do sul; no dia 04/06/2013 mais outro Terena foi baleado pelo mesmo motivo e continua internado. Vale lembrar também a morte de mais um guerreiro: Adenilson Munduruku que foi morto por policiais, numa ação criminosa, quando estava defendo sua terra.
E os direitos territoriais indígenas que existe na Constituição Brasileira, não estão sendo respeitados, cada vez mais fazendeiros e usurpadores querem tomar posse de nossas terras e os governantes não tomam providencia imediata em relação a isso. Na maioria das vezes as decisões são voltadas para favorecer os ruralistas, raramente alguma decisão governamental favorece os indígenas. Vale destacar a intensa atuação da senadora brasileira Kátia Abreu, fiel defensora dos interesses dos ruralistas, que nos trata como invasores de terra.
E no Pará, conflitos entre indígenas e policiais estão se intensificando por causa da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, estão mandando tropas para impedir ocupação do local por índios e apoiadores; e já está mais do que comprovado que a Usina prejudicará populações ribeirinhas, indígenas e o meio ambiente.
De acordo com o relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) sobre a violência que atinge os povos indígenas, somente entre 2003 e 2011 foram assassinados 503 índios, dos quais 273 são do povo Guarani Kaiowá.
E no dia 30/05/2013, um parente Oziel Terena, morreu devido a disputa e defesa das terras em Mato Grosso do sul; no dia 04/06/2013 mais outro Terena foi baleado pelo mesmo motivo e continua internado. Vale lembrar também a morte de mais um guerreiro: Adenilson Munduruku que foi morto por policiais, numa ação criminosa, quando estava defendo sua terra.
E os direitos territoriais indígenas que existe na Constituição Brasileira, não estão sendo respeitados, cada vez mais fazendeiros e usurpadores querem tomar posse de nossas terras e os governantes não tomam providencia imediata em relação a isso. Na maioria das vezes as decisões são voltadas para favorecer os ruralistas, raramente alguma decisão governamental favorece os indígenas. Vale destacar a intensa atuação da senadora brasileira Kátia Abreu, fiel defensora dos interesses dos ruralistas, que nos trata como invasores de terra.
E no Pará, conflitos entre indígenas e policiais estão se intensificando por causa da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, estão mandando tropas para impedir ocupação do local por índios e apoiadores; e já está mais do que comprovado que a Usina prejudicará populações ribeirinhas, indígenas e o meio ambiente.
Uma situação
que também é delicada é a da região norte com a barragem do Rio Madeira Girau a
qual irá alagar uma enorme área de floresta; justamente onde foi comprovada a
existência de grupos indígenas não contactados pela civilização socialista e
capitalista.
Outro grande
problema que apontamos é o das fronteiras do Estado do Acre, no Brasil, que se
estende até o Peru e a Bolívia Com os
projetos madeireiro, exploração de
petróleo e gás natural que esta prestes a ser leiloados e a ferrovia que vai
ligar o Peru ao Brasil (trecho de Cruzeiro do Sul no Acre a Pucallpa no Peru)
sangrando a nossa floresta, comunidades indígenas e extrativistas que vivem ali
entre os grupos de índios também não contactados.
Suplicamos
ajuda de outros países porque aqui no Brasil, não temos atenção do Governo
Brasileiro, somos considerados estrangeiros no nosso próprio país. E estão
aprovando leis que condenam e invalidam os nossos direitos. Já somos poucos, levamos
a vida precariamente e ainda querem nos tirar o direito a vida e a terra...
Também, estamos sendo prejudicados com as reformas para a copa do mundo de 2014, eles invadiram e nos obrigaram a sair de forma truculenta de nossa aldeia Maracanã, onde se construiu o primeiro museu do índio da America Latina, que existe há mais de 70 anos. Um lugar que guarda a memória do nosso povo, e tem valor cultural muito sagrado. Nos tiraram de lá para transformar o espaço do Museu em estacionamento para copa do mundo de 2014 e nenhuma autoridade quer devolver para nós!
Senhores e senhoras, autoridades estrangeiras, vosso apoio é a nossa única esperança de encontrarmos possibilidades de resolver esta situação em paz, não queremos apenas existir em livros, queremos viver em harmonia com os dias de hoje, sem perseguições territoriais, viver em paz é tudo que queremos, nos deixem viver nas nossas florestas com nossos rios livres sem barragens para que continuemos tirando nossos sustentos, deixem nossas florestas em pé, elas são os números de nossas identidades, deixe-nos também termos a oportunidade de ver nossos filhos crescerem. A flora e a fauna é a nossa única maneira de viver, não queremos comprar água engarrafadas para beber, até porque não criamos moedas de valor, queremos beber águas de fontes limpas e puras. Foi assim que aprendemos com a educação que nossos ancestrais nos deram a milhares de anos atrás.
Também, estamos sendo prejudicados com as reformas para a copa do mundo de 2014, eles invadiram e nos obrigaram a sair de forma truculenta de nossa aldeia Maracanã, onde se construiu o primeiro museu do índio da America Latina, que existe há mais de 70 anos. Um lugar que guarda a memória do nosso povo, e tem valor cultural muito sagrado. Nos tiraram de lá para transformar o espaço do Museu em estacionamento para copa do mundo de 2014 e nenhuma autoridade quer devolver para nós!
Senhores e senhoras, autoridades estrangeiras, vosso apoio é a nossa única esperança de encontrarmos possibilidades de resolver esta situação em paz, não queremos apenas existir em livros, queremos viver em harmonia com os dias de hoje, sem perseguições territoriais, viver em paz é tudo que queremos, nos deixem viver nas nossas florestas com nossos rios livres sem barragens para que continuemos tirando nossos sustentos, deixem nossas florestas em pé, elas são os números de nossas identidades, deixe-nos também termos a oportunidade de ver nossos filhos crescerem. A flora e a fauna é a nossa única maneira de viver, não queremos comprar água engarrafadas para beber, até porque não criamos moedas de valor, queremos beber águas de fontes limpas e puras. Foi assim que aprendemos com a educação que nossos ancestrais nos deram a milhares de anos atrás.
Queremos
ainda dizer que os nossos valores e saberes ancestrais a sociedade não conhece e
os valores da floresta que vocês chamam de mata são fundamentais para o equilíbrio da humanidade.
A floresta é a vida!
Por fim pedimos que seja feito um
tratado Internacional entre os chefes de estados, presidentes, reis e rainhas, com o Papa
Francisco e nós lideres Indígenas indicados pelas nossas nações para que haja a
paz nesta terra e a proteção de nossos povos. Não desenvolvemos armas para
tirar vida, nossas armas são utilizadas apenas para tirar nosso sustento da caça
e pesca para alimentar nossas famílias, sabemos que não dá para defender nossos
direitos com arco e flechas e sim com o cumprimento das leis e dos acordos internacionais
nos quais o Brasil é signatário.
Temos muito a contribuir com vocês
para melhorar o sistema de vida da humanidade e de toda diversidade biológica
do planeta, a Conservação e proteção das florestas. Os governos têm que
entender que estamos no pulmão do mundo.
Pedimos que vocês apóiem nossa causa para que as florestas sejam protegidas.
Temos muita preocupação com o rumo que
a humanidade está tomando. Não podemos mais ficar em silencio. Temos que fazer
algo para que todos possamos viver em paz. Esse mundo é um só. Somos um mesmo
povo. E o Criador observa isso...irmão atacando outro irmão; isso não pode
continuar.
Clamamos pela paz na terra e queremos
ser respeitados do jeito que somos; continuar vivendo da maneira mais simples
que aprendemos e assim garantir as floresta vivas, os rios correntes, a terra
fértil e protegida pelos direitos humanos e ambientais.
Encerramos esta carta pedindo que
todos os lideres assinem essa Carta de Apoio aos Povos Indígenas nos apoiando e
convoquem uma audiência com a presidente brasileira Dilma Roussef e demais
órgãos que estão violando nossos direitos para que possamos firmar este
compromisso como forma de garantir nossa proteção e as demarcações de nossos
territórios, como também nos ajudar a recuperar nossas tradições e cultura que
foram perdidas pela discriminação e preconceito que nosso povo sofreu e ainda
sofre aqui no Brasil. Queremos agregar os valores desta terra e fortalecer a
vida em conjunto com todas as nações do mundo.
Agradecemos muito a atenção de todos e
de todas as autoridades que receberem e lerem esta carta.
Atenciosamente,
Povos e Organizações da Amazônia Brasileira.
Carta escrita por Haru Kuntanawa e
Ysani Kalapalo.
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