O povo katukina estão divididos em duas Terras Indígenas (TI) . A TI do rio Gregório, a primeira a ser demarcada no Acre, no município de Tarauacá, é também habitada pelos Yawanawá. A partir de um processo de revisão de seus limites, concluído em 2006, essa TI foi extendida. Os moradores dela estão localizados em aldeias localizadas no rio Gregório e no rio Tauari.
A TI do rio Campinas, que fica na fronteira dos estados do Amazonas e do Acre, nos limites dos municípios de Tarauacá (AC) e Ipixuna (AM). Apesar disso, a sede do município de Cruzeiro do Sul é o núcleo urbano que lhe fica mais próximo, a apenas 55 quilômetros da aldeia. A TI do rio Campinas, em toda sua extensão leste-oeste, é cortada pela BR-364 (Rio Branco– Cruzeiro do Sul). Às margens da rodovia, os Katukina ali residentes distribuem-se em cinco aldeias: Campinas, Varinawa, Samaúma, Masheya e Bananeira.
Língua
Pertence à família lingüística pano. Todos os Katukina falam a sua própria língua para relacionarem-se entre si. O português é usado exclusivamente para interagir com os brancos. Apesar do longo período de contato com estes, menos da metade da população Katukina é fluente em português.
Historia
Os Katukina - assim como os demais grupos indígenas da região do alto Juruá - foram praticamente cercados quando se iniciou a exploração econômica da região, por volta de 1880, com a extração da borracha nativa. Nos primeiros anos do contato com os brancos, os Katukina viveram um período de deslocamentos constantes, tentando escapar vivos das "correrias" - incursões cujo objetivo era eliminar as populações indígenas para liberação dos seringais -, organizadas por caucheiros peruanos e seringalistas brasileiros. Fugindo das "correrias", os Katukina dispersaram-se na região. Sem condição de se manterem reunidos, passaram a se deslocar pela floresta, vivendo da caça, coleta e de assaltos aos roçados que encontravam pelo caminho, pois não mais podiam fazer os seus, uma vez que seriam uma pista fácil que inevitavelmente levaria os brancos de volta até eles. Além disso, os deslocamentos eram impulsionados também pela crença de que os espíritos dos mortos, saudosos de seus parentes, poderiam vir à terra para buscá-los.
A composição mais comum das aldeias katukina é do grupo doméstico formado por um casal mais velho, rodeado de seus filhos e filhas solteiras, filhos casados e netos. Observa-se, portanto que, após o casamento, as mulheres vão morar próximo às famílias de seus maridos. Tal orientação inverte a regra de residência que vigorava no passado, pois, como os próprios katukina admitem, eram os rapazes que, antes, se deslocavam para as proximidades das famílias de suas esposas. Unidos por laços de parentesco e casamento, os moradores de um mesmo grupo doméstico cooperam entre si no desempenho das atividades cotidianas.
A regra de casamento entre os Katukina determina que um homem deve casar com uma mulher que ele chama de pano, uma categoria que inclui a filha do irmão da mãe e a filha da irmã do pai. Por sua vez, uma mulher deve casar-se com seu txai, uma categoria que inclui o filho do irmão da mãe e o filho da irmã do pai. É comum que, em caso de separação ou viuvez, um homem se case com a irmã de sua ex-esposa. A poliginia é admitida e, normalmente, as esposas de um mesmo homem são irmãs.
Os Katukina têm um repertório vasto de mitos que falam das punições daqueles que mantiveram ou desejaram ter relações incestuosas. A Lua é a cabeça de Oshe, um rapaz que foi flagrado tentando ter relações sexuais com sua irmã e que, para escapar da morte, se refugiou no céu. Vésper é também a cabeça de um rapaz incestuoso, cunhado de Oshe, que teve o mesmo destino. Qualquer jovem katukina conhece essas histórias, que lhes foram contadas inúmeras vezes durante a infância por seus avós.
Os Katukina usam dois tipos de nome: em sua própria língua e em português. A atribuição de um nome do segundo tipo não segue nenhum padrão preestabelecido e qualquer pessoa pode sugerir um nome em português para uma criança recém-nascida, que será bem recebido principalmente se for inédito na aldeia. Ao primeiro nome acrescentam, respectivamente, os sobrenomes da mãe e do pai.
Se na escolha dos nomes em português um dos principais critérios é o ineditismo, ocorre o contrário quando se trata dos nomes em katukina: os nomes se repetem, uma vez que provêm todos de um acervo comum que os katukina se esforçam em preservar. Em termos práticos, isso quer dizer que os pais escolhem para seus filhos os nomes de seus próprios parentes.
Os pais são quem nomeia seus filhos, do sexo masculino e feminino, algumas vezes consultando antes pessoas mais velhas. A atribuição de um nome pessoal é algo simples e nenhuma cerimônia ou ritual é realizado: uma vez escolhido, basta os pais começarem a usá-lo. O nome recebido na infância é definitivo.
Potencialidades:
A comunidade mantém sua língua materna 100%. Os Kanê gráficos com os significados da sua cultura ancestral, nas praticas artesanais e pinturas corporais, mantém suas cantos , danças tradicionais e tem grandes conhecedores de medicina tradicional.
Carência - Dificuldades
No início de 2000 as obras de asfaltamento da rodovia BR 364 avançaram sobre a TI do rio Campinas que teve bastante alteradas suas condições ecológicas e econômicas.
Os impactos foram: Escassez dos animais de caça, boa parte da dieta alimentar é composta de artigos industrializados comprados na cidade e é freqüente o trânsito de veículos e pessoas estranhas por suas terras. Escassez de alimentos, poluição causando doenças , acidentes como atropelamento, poluição sonora e visual causada pelo trafico dos veículos . A bebida alcoólica hoje também é um serio problema enfrentado pelos Katukina pelo livre acesso a cidade. Falta de local para práticas culturais e falta de apoio financeiro para as iniciativas culturais.
Exploração de petróleo próximos as suas terras já em fase de execução de estudos sísmicos, o qual não foram consultados sobre os impactos ;
Estrada BR 364 que cota a terra indígena, os quais impactam diretamente, socialmente e ambientalmente.
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